mercoledì 5 luglio 2017

POSTFACIO- Uma Vida a Pintar


A Myra entrou na minha vida como um vulcão.
 Já não sei exactamente quando foi. Talvez em 2009. Foi na sequência de uma brincadeira na blogoesfera. De repente ela descobriu o meu blogue. Só me lembro de ela ter escrito: “ Como não tinhadescoberto isto antes”. E nunca mais largou o Expresso da Linha.

Eu não sabia nada dela. De onde era, de onde vinha, para onde
ia. Não sabia a idade. Não sabia que pintava. Passámos a ter uma
correspondência diária. A pouco e pouco fui-me apercebendo da
dimensão da pessoa que Myra é. Da grandeza da personagem e
da sua obra. Myra fala meio português, meio espanhol, meio
italiano. Myra tem pavor ao vento. Detesta frio. Diz que sofre de
meteopatia. Myra tinha então 83 anos. Salvo a meteopatia, nada
o fazia crer. De repente vi-me perante uma personagem do
tamanho do mundo. Uma artista plástica consagrada.
 Fiquei estupefacto. Mandei-lhe timidamente a biografia do Roberto Barbosa (um amigo meu) que tinha acabado de fazer. Ela
adorou. A partir daí começámos a falar a mesma linguagem.

Passámos a ser irmãos. Foi então que surgiu a ideia de uma
biografia dela feita na blogoesfera. Tudo partiu de uns escritos
que ela me mandou. Começámos a trabalhar. Eu escrevia, tinha
dúvidas, perguntava, mandava os textos, ela corrigia. Muitas
vezes ela falava da vida descomprometidamente e eu fazia os
posts. Foi sempre tudo revisto por ela, embora na parte final ela
estivesse já num ponto de confiança total.

 Depois eram os quadros e as fotos pessoais. Myra tem a maioria das coisas na Holanda, em casa de Dominique, a filha. 
Também não queria falar muito da sua vida íntima, coisa que, obviamente, respeitei.

Trabalhar com Myra foi fácil, se excepcionarmos a dificuldade
em desvendar algumas frases do seu “portunhol”.
 Mas até isso me deu prazer. 

Um dia recebi um quadro de Myra. Está na minha
sala. Passou a haver um Myra Landau em Portugal. Um quadro
espantoso. E fê-lo de propósito para mim. 

Ao acabar esta biografia, fico com vontade de recomeçar. Sim, muito, quase tudo ficou por dizer.

Myra partiu, entretanto, para Jerusalém.
 É lá que a espero encontrar, numa visita que fica prometida.
 Até lá fica a saudade dos escritos em que me sentia Myra, 
em que me sentia um pintor, com as suas dúvidas e os seus anseios.
 Com a sua fragilidade e a sua determinação.
 Porque Myra é tudo isso e muito mais.:

"Ritmo Graffiti" - um dos ultimos quadros antes de deixar Xalapa



Lisboa, Junho de 2013
Jorge Pinheiro

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